segunda-feira, 3 de maio de 2010

Planetas e Níveis de Manifestação na Consciência

Sabe-se os signos representam campos de ação, enquanto as Casas Astrológicas são os “lugares” (físicos e psíquicos) onde a ação ocorre. Os Planetas, por sua vez, são o poder ou força motivadora.
Como os signos, e mesmo as casas, os planetas também são símbolos arquetípicos que representam tipos de reação, princípios e funções de caráter geral expressos por pessoas e acontecimentos.
Cada planeta tem uma função que é exteriorizada em diferentes níveis. Não é possível conhecermos o nível em que um horóscopo está operando sem interagirmos com o nativo de sua correspondente carta natal. É preciso conhecer e dialogar com o dono de certo tema natal para sabermos em que nível ele opera as forças cósmicas que lhe recaem a todo instante.
Jean Baptista Morin de Villefranche (1583-1656), grande astrólogo francês do século XVII, que codificou mais de uma centena de regras sistemáticas de toda a Astrologia Clássica, afirmava em um dos seus aforismos que “A extensão dos efeitos particulares, que pode produzir o corpo celeste em relação a um certo indivíduo é determinada pela capacidade deste ser de receber a influência e de reagir sob esta influência”.
Essa é uma visão clássica precursora da Astrologia Moderna e fundamental para a Astrologia Acadêmica. Igualmente é confirmada pelas tendências mais contemporâneas.
Como ponto de partida um horóscopo individual pode atuar em 3 níveis ou estágios:

1) Estágio Primitivo ou Ingênuo;
2) Estágio de Entendimento e
3) Estágio Superior.

No primeiro estágio – primitivo ou ingênuo – a pessoa possui pouco entendimento e consciência, limitando-se às suas necessidades e desejos, especialmente os de natureza instintiva. Por isso mesmo é o mais influenciável pelas determinações astrais, porém sua expressão é difusa, indiferenciada, ou mesmo, muito restritiva, sem maiores sofisticações.
No segundo estágio – de entendimento – o sujeito tem certo controle dos seus instintos e age dentro dos seus valores, rejeitando (ou sendo capaz de rejeitar) o que considera “mau” ou indesejado.
No terceiro e último estágio – o Superior – o indivíduo procura uma identificação com seu Self (Si-Mesmo ou Eu-Interior) e utiliza as energias planetárias conscientemente sentindo-as como uma inspiração para uma busca de elevação pessoal, e mesmo, um impulso social de solidariedade humana.
Do primeiro ao terceiro nível observamos um estado mais efetivo do livre-arbítrio, onde o indivíduo se encontra mais livre dos condicionamentos instintivos típicos do ser humano, e por isso, também se encontra mais “livre” das influências astrais, ou o que é mais provável, as expressa de forma mais “plástica”, sofisticada e eficaz.
É dessa forma que notamos que sob a influência tensa de um mesmo planeta, signo e casa astrológica, uma pessoa no primeiro estágio primitivo funcionando à base dos seus instintos pode se achar à frente de obstáculos intransponíveis; a do estágio mais compreensivo pode se sentir frustrada em seus desejos, porém, mesmo assim, ir em frente para consegui-los; enquanto que a do terceiro estágio, mais avançado, considera a dificuldade como uma oportunidade para se fortalecer.
Por outro lado, não existem planetas “ruins” e “bons”. Planetas representam energias arquetípicas com diversos graus de vibração. Os planetas, as suas posições no mapa e os aspectos que fazem indicam padrões de energia. Como símbolos representam arquétipos (matrizes energéticas que estruturam a realidade material e não-material – psíquica e espiritual). Como todo símbolo arquetípico possuem uma expressão plástica que pode se manifestar de múltiplas formas. Cada pessoa, por sua vez, pode experiênciá-la de uma forma, por ela compreendida como “boa” ou “má”, “construtiva” ou “destrutiva”, “fluente” ou “tensa”.
Até certo ponto, o arquétipo simbolizado pelo planeta, pode por si, assumir uma tonalidade mais “positiva” ou “negativa”. Mas, nem sempre o que parece “ruim” é ruim, ou o que parece “bom” é bom. Uma experiência desagradável, a princípio, pode conter uma importante lição, e ser uma condição para um futuro estado de harmonia. Ao passo que um acontecimento pode ser interessante num momento e pernicioso em outro, dependendo das circunstâncias. Por causa de todos esse fatores nenhuma interpretação ou previsão na Astrologia é taxativa, fixa, unidirecionada e rigidamente determinística.
Por exemplo, Marte em áries tanto pode simbolizar energia ativa e iniciativa, como agressividade ou forte impulso sexual. Pode ser uma coisa ou outra, ou todas essas possibilidades ao mesmo tempo. Ainda, se for agressividade, dependendo da ocasião, pode ser “boa” (se representar auto-defesa e sobrevivência) ou “má” (se for destrutiva e “à-toa”). Ou se for impulso sexual pode ser adequada (se representar iniciativa sexual) ou “negativa” (se for muito compulsiva). Essas nuanças vão depender do nível em que o indivíduo opera em termos de consciência e estágio evolutivo pessoal. Essa é uma das interpretações possíveis para a regra de Morin de Villefranche, que foi destacada nessa exposição.

Referência Bibliográfica

RIBEIRO, Anna Maria Costa. Conhecimento da Astrologia. Manual Completo. 3ª ed. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2008

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